Gonçalves Ferreira é um povoado da cidade de Itapecerica, localizada na região centro oeste de Minas Gerais, um lugar que para muitos pode ser considerado assustador, mas para mim é um lugar muito interessante. Logo quando soube da existência do lugar, já me aprontei para ir conhecer, fica pertinho de Divinópolis, cidade onde resido.
O local não é turístico, apesar do potencial para ser, mas possui algumas construções históricas que tentam resistir ao tempo, algumas em ruínas, mas já vejo uma luz no fim do túnel com um projeto de restauração do lugar, que está em andamento.
Apesar de interessante, o local não fica muito próximo da cidade de Itapecerica, sendo que o acesso ao povoado fica às margens de uma rodovia. Só recomendo visitar o local se estiver no seu caminho de ida, já que há algumas opções de acesso à cidade.
NAVEGUE PELO POST
ToggleComo chegar
O povoado está localizado às margens da BR-494 e fica entre dois trevos, o trevo que dá acesso à cidade de Cláudio e o trevo de acesso à cidade de Itapecerica, há placas na rodovia indicando o acesso. Para quem vai sentido Divinópolis/Oliveira, o acesso ao local está do lado esquerdo da rodovia e se dá por uma rua asfaltada. O povoado está a 27 quilômetros do centro de Itapecerica.
Gonçalves Ferreira possui 15 moradores, algumas construções históricas e poucas casas. O lugar definitivamente parou no tempo, com edificações em alvenaria, ruas de terra batida e casas que sobrevivem ao tempo. É uma calmaria que só, um lugar tipicamente mineiro. Você gosta de conhecer lugares assim?
O que ver em Gonçalves Ferreira?
O primeiro local de interesse por lá é a Estação Ferroviária de Gonçalves Ferreira, que está em ruínas, totalmente abandonada. Mas a construção resiste ao tempo e segue quase toda de pé, um lugar que tem muita história.
História essa que começou em 1890, que foi quando a estação foi construída. A partir de 1912, a estação começou a funcionar, dali partiam o ramal de Cláudio, que levava para esta cidade, e o ramal de Itapecerica, que levava pra o centro deste município. Os ramais funcionaram até o ano de 1967, quando foram extintos.
Esta estação também recebeu alguns trens da linha Divinópolis/Lavras nos anos de 1960, a linha funciona até hoje, utilizada para os trens cargueiros da FCA (Ferrovia Centro Atlântica). O local é utilizado para descarte de vagões da mesma empresa, há dezenas deles enfileirados a perder de vista e o local ficou popularmente conhecido como “cemitério dos vagões”.
A situação desta estação ferroviária é alarmante, mas a boa notícia é que há um projeto em andamento, já aprovado inclusive, para a restauração e conservação da estação, que tem grande importância histórica e merece uma atenção.
Ao lado da estação há um ponto de comércio, que funciona ali por muitos anos. A Vendinha do Sr. Willion é um lugar onde se encontra de tudo, tem tintas, panelas, alimentos, bebidas, condimentos, produtos de limpeza, picolés e três mesas de sinuca, é a chamada “vendinha raiz”. Aqui antigamente era o armazém de secos e molhados.
📑 Leitura Recomendada: Roteiro pelo Centro Histórico de Itapecerica-MG
E mais interessante que esta vendinha é a história do Sr. Willion com o lugar, ele é o proprietário há 15 anos mas trabalha ali há cerca de 50 anos, já que antes de adquirir o comércio ele era funcionário. Apesar de seus 91 anos de idade, ele faz de tudo por lá e toma conta do local, que é o único comércio no povoado.
Enquanto caminhava em direção à outro ponto de interesse no povoado, encontrei com uma senhora, que estava aguando as lindas flores que dão vida ao local. Trata-se da filha do Sr. Willion, dono da venda, que revelou o segredo das flores ficarem tão bonitas, ela joga água duas vezes por dia.
Muito educada, me convidou para tomar um café, mas eu recusei por conta da pandemia, senão aceitaria fácil. Foi ela que me confirmou a presença de somente 15 moradores no povoado, ela contou um por um até chegar ao veredito. As informações da internet revelam que cerca de 50 pessoas moram por ali, provavelmente muita gente já foi embora.
A casa dela fica em frente à Capela de Nossa Senhora das Mercês, outro interessante atrativo de Gonçalves Ferreira, uma capela construída no ano de 1915 que infelizmente está fechada, mas deve estar bastante conservada por dentro, visto que até a pouco tempo atrás o local recebia uma missa por mês.
A capela é um charme, um construção imponente, visto o tamanho do povoado, um local que também merece uma atenção. Soube que a capela é particular mas há negociações para que a cidade adquira o imóvel, podendo assim cuidar do local, que também possui uma rica história.
Ao lado da capela há um imóvel, também abandonado, que parecia ser uma escola. Não encontrei informações sobre o local na internet.
Bom, Gonçalves Ferreira é somente isto, o lugar tem um charme especial e é muito procurado para sessões de fotos, preserva o ar interiorano e os moradores vivem como se o mundo não tivesse evoluído. Eles acordam ao som dos pássaros, um verdadeiro privilégio e eles não querem que isso mude.
🚜 Hospedagem em Itapecerica: Hotel Fazenda Capetinga
Sinal de celular por lá quase não existe, a comunicação se dá por um telefone público, que fica próximo à capela. Como o povoado fica longe da cidade, só vale a pena ir até lá se o destino estiver no seu caminho. Eu gastei cerca de 1h30 para conhecer tudo, um passeio super rápido e que gostei bastante. Se for o seu estilo, você também irá gostar.
Publiquei no canal do blog no Youtube um vídeo da minha passagem pelo povoado de Gonçalves Ferreira, dá pra curtir um pouco mais do que o local tem a oferecer, não deixe de assistir.
Viagem realizada em outubro de 2018
A população de Gonçalves Ferreira é muito grande cabe todos dentro de uma kombi. Kkkk
🙂
Boa noite, André li sobre sua viagem pela cidade Gonçalves Ferreira, minha mãe nasceu em Gonçalves Ferreira ela ainda é viva, ela morou muitos anos, hoje ela vive em BH. Adorei essa reportagem, ela é doida para voltar nesta cidade para rever toda a infância dela.
Minha adolescência foi aí tempos bons muitos bailes e festa dançante mais tudo passa na vida .
Que bacaba Celso! Mas realmente tudo passa, torço para que a história deste lugar seja conservada!
Amei saber sobre Gonçalves Ferreira, André. Meu avô materno nasceu lá sua escrita é mto fluída. Obrigado🥰
Muito obrigado Sabrina! 🥰
Sou natural de Gonçalves Ferreira,sempre que posso visito minhas tias e primos que residem aí.Amo passares lugar.Muitas lembranças de criando de férias com meus pais.Em 1972 fui morar aí com minha vó e iniciei minha carreira de professora aí neste grupo.Escola Estadual Laudelina Passos,foram 4 anos.Seria ótimo a restauração .Resido hoje em BH.
Obrigado pelas informações Elaine. Muito interessante a sua história!
Boa noite Elaine!
Descobri no Atest de Óbito, que meu Avô Materno, nasceu lá em em 1919 ou 1922, filho de Manoel Magalhães e Júlia, e em alguma época toda família veio para BH, mas acho que ouvi de uma prima que uma das filhas ficou e casou. Ou ela se chamava Rosa ou era a Ana. Será que vc conheceu alguém filhos ou netos de uma destas senhoras, bisnetos de Júlia e Manoel? meu e-mail [email protected]
Boa noite Sabrina!
Descobri no Atest de Óbito, que meu Avô Materno, nasceu lá em em 1919 ou 1922, filho de Manoel Magalhães e Júlia, e em alguma época toda família veio para BH, mas acho que ouvi de uma prima que uma das filhas ficou e casou. Ou ela se chamava Rosa ou era a Ana. Será que vc conheceu alguém filhos ou netos de uma destas senhoras, bisnetos de Júlia e Manoel? meu e-mail [email protected]
Conheci essa cidade em 1967, através de estrada de mulas (bestas) era como tratavamos as tropas, mata adentro distanciava aproximadamente de Tombadouro( bairro de Claúdio) 3 léguas, contavamos 6 km por léguas, passavamos por estradas de carreiros (carro de bois) muros feito por escravos, corregos secos e etc. O mais próximo de transporte civilizado era as Jardineiras onibus onde levava de tudo, caminhão de leite, carroças e cavalos, considerando que onibus e caminhão de leite yransitava apenas nos becos estradas da época muitas abertas com arados, picadas (roçados pelo cerrado) onte passavam carros de bois de até 8 juntas (16 bois 2 em cada canga). Era assim que escoavamos produção, correspondência, transporte pessoal, tudo no lombo de bestas até os becos, moças eram confiadas a tropeiros que eram transportadas em selas (arreios) femininos onde cavalgavam assentafa de lado, levavamos, bicos de arado, sal, ferramentos, galinhas queijo, ovos grão para moinhos d’água, e etc. Nem a hitória conta essa xperiência da minha infância. Para usar uma calça comprida ou seja não (bermudas) só após 12 anos. Foi um orgulho.
Nasci nesse lugarejo,lugar mais lindo de minha vida. Em 1966, minha mãe faleceu em fevereiro de 1967. E ai ficou sepultada. Em um cemiterio debaixo das sucupiras. Nasci nesse grupo, por causa das enchentes e da pobreza não tinhamos onde morar. Eu e meus irmãos so temos amor e gratidão por esse povo que nos acolheu e nos amparou nessa epoca de vida.